Dentro de mim, existe um Espaço Sagrado onde guardo minhas preciosidades. Às vezes faço uma faxina lá e mudo tudo de lugar. Não é por maldade, é só vontade de ver um outro ângulo das coisas. Eu não gosto do olhar acostumado. Não gosto de ver um objeto num objeto, porque tudo para mim tem entidade humana. E gente me tira o fôlego: vejo belezas demais quando amo, e amo sempre e tanto. Não é falta de saudade, é desapego. Não é falta de amor, é a certeza do tempo esgotado. Não é a falta de interesse, é uma profunda ocupação com a minha própria vida. Não é mágoa, é indiferença. não é exagero, é escolha.
Às vezes eu desapareço, porque fico tão cansada. Cansada daquele cenário. Daquele amor. Absurdada pela coisas, me exaspero. Sempre é tanto. É que vivo num derramamento espesso de sentimento. Então eu mudo o foco, que é para não cansar o outro também(...) E só a solicitude pode me acalmar. Por isso, tão pouco escrevo. Por isso, durmo antes e depois do sono. Por isso, às vezes, tudo é tão esquisito e ausente em mim.
Não sou sempre flor. Às vezes, espinho me define tão melhor. Mas só espeto os dedos de quem acha que me tem nas mãos.
Marla de Queiroz.