A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013


Estou abandonando os excessos com dedicação, disciplina e com todo o cuidado que uma despedida pede para que não seja traumática demais. Eu só soube que estava tudo errado com as minhas atitudes quando elas não serviram mais para sustentar minha leveza. Foi quando tudo que antes era divertido terminou por me machucar por dentro e plantar no meu olhar uma tristeza sem horizontes alcançáveis. Quandotive que começar a me explicar demais, quando meus personagens foram morar nos meus atores e começamos a viver realmente as dores que inventei, decidi matar a autora de tantos dramas para cuidar da casa, regar as plantas e me isolar um pouco enquanto reavaliava quais seriam meus próximos passos. (A minha intensidade não podia continuar servindo de tripé para tanta agonia).Aprendi a pontuar histórias, delimitar espaços, dissolver conflitos, definir minhas relações e preservar o resto de sanidade que há em mim.(Nunca fui misteriosa, mas expor minhas vísceras à luz mais nítida do dia estava me fazendo contorcer de desprazer).

(...) Então abri a janela para que o ar circulasse e reciclasse toda a energia estagnada. Não preciso mais de entulhos emocionais, nem de exagerar nos meus mergulhos e usar lupas que distorcem as imagens. Agora eu só quero me preocupar com uma nova disposição dos móveis da casa enquanto ponho os pensamentos negativos que me vestiram por tanto tempo na máquina de lavar.

*
(sus)penso em passos de (mu)dança.

Marla de Queiroz

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